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12. POR QUE APRENDER SOBRE EMPREENDEDORISMO?
Primeira razão: no mundo das empresas emergentes, a regra é falir e não ter sucesso. De cada três empresas criadas, duas fecham as portas. As pequenas empresas (menos de 100 empregados) fecham mais: 99% das falências são de empresas pequenas. Se alguns têm sucesso sem qualquer suporte, a maioria fracassa, muitas vezes desnecessariamente. A criação de empresas é um problema de crescimento econômico;
Segunda razão: neste final de século, as relações de trabalho estão mudando. O emprego dá lugar a novas formas de participação. Na verdade as empresas precisam de profissionais que tenham uma visão global do processo, que saibam identificar e satisfazer as necessidades do cliente. A tradição do nosso ensino, de formar empregados nos níveis universitários e profissionalizantes, não é mais compatível com a organização da economia mundial;
Terceira razão: exige-se hoje, mesmo para aqueles que vão ser empregados, um alto grau de empreendedorismo. As empresas precisam de colaboradores que, além de dominar a tecnologia, conheçam também o negócio, saibam auscultar e atender às necessidades do cliente, possam identificar oportunidades e mais: buscar a gerenciar os recursos para viabilizá-las;
Quarta razão: a metodologia de ensino tradicional não é adequada para formar empreendedores;
Quinta razão: as nossas instituições de ensino estão distanciadas dos “sistemas de suporte”, ou seja, das empresas, dos órgãos governamentais, dos financiadores, das associações de classe, entidades das quais os pequenos empreendedores dependem sobreviver. As relações entre universidades e empresas ainda são incipientes no Brasil;
Sexta razão: cultura. Os valores do nosso ensino não sinalizam para o empreendedorismo;
Sétima razão: a percepção da importância da pequena e média empresa para o desenvolvimento econômico ainda é insuficiente;
Oitava razão: predomina, no ensino profissionalizante e universitário, a cultura da grande empresa. Não há o hábito de se falar na pequena empresa. Os cursos de administração, com raras exceções, são voltados quase exclusivamente para o gerenciamento de grandes empresas;
Nona razão: ética. Uma grande preocupação no ensino do empreendedorismo devem ser os aspectos éticos que envolvem essa atividade. Por sua grande influência na sociedade e na economia, é fundamental que os empreendedores, como qualquer cidadão, sejam guiados por princípios e valores nobres;
Décima razão: cidadania. O empreendedor deve ser alguém com alto comprometimento com o meio ambiente e com a comunidade, com forte consciência social. A sala de aula é um excelente lugar para o debate desses temas.
PASSOS FUNDAMENTAIS PARA O INICIO DA CAMINHADA DO NOVO EMPREENDEDOR
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Sigilo: é comum empreendedores fazerem segredos da sua idéia por medo de que alguém a copie. Nada mais enganoso. É importante que a idéia seja discutida e criticada. As idéias são diferentes das oportunidades e nascem do interior das pessoas. A mesma idéia pode significar um negócio promissor para uma pessoa, enquanto para outra talvez permaneça como simples idéia. Caso a idéia esteja apoiada em uma inovação tecnológica, o registro de patentes e marcas pode ser fundamental para a proteção dos direitos. Se a idéia for tão frágil e tão atraente que possa ser copiada por qualquer pessoa, o empreendedor deve se preparar porque certamente irão copiá-la quando o produto ou serviço for lançado. Nessa hipótese, tente criar barreiras à concorrência, fazendo o seu produto único e/ou aproveitando o fato de ter entrado antes no mercado. O simples segredo não é uma barreira;
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A importância das perguntas: no ensino do empreendedorismo não funciona a metodologia tradicional, em que há alguém que sabe algo, tem um estoque de conhecimentos e o transmite ao empreendedor. Na metodologia de ensino do empreendedorismo o empreendedor é que gera o conhecimento, representado pela concepção e pelo projeto de sua empresa, algo que já existia antes. O objetivo final não é instrumental, não é transmissão de conhecimentos, mas sim a formação de uma pessoa capaz de aprender a aprender e definir a partir do indefinido. Por essa razão, é necessário que seja questionado o empreendedor, de forma que seja induzido a buscar, sozinho, o conhecimento de que necessita, aprender a aprender. Diferentemente do aprendizado nas áreas onde se busca a resposta certa, a grande virtude do empreendedorismo é a capacidade de formular perguntas pertinentes, que geralmente não apontam para uma só verdade, para uma única resposta certa, mas para vários e diferentes caminhos e alternativas;
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Perseverança: a perseverança está entre as características mais importantes do empreendedor. Perseverar é dar continuidade a uma idéia com o conhecimento e a segurança de não deixar o sonho perecer. Agir dentro dos limites permissivos que objetivam a meta sonhada;
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Não basta ter o melhor produto – A falácia da ratoeira: é muito comum o empreendedor achar que o domínio da tecnologia é o fator mais importante para o sucesso de uma empresa. Principalmente aqueles que abrem empresas de base tecnológica. Eles enganam, dedicando-se somente à tecnologia do produto.
Para Timmons (1994), a resposta à falácia da ratoeira é que o empreendedor que mostra a sua ratoeira ao mundo mantém a fumaça saindo de sua chaminé. A falácia presta grande desserviço a gerações de empreendedores potenciais. E o mais grave é que ela é constantemente reforçada por vários argumentos.