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11. O PROCESSO EMPREENDEDOR
A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES
O que se passa no relacionamento trabalho/empresa? Qual a importância da admiração do empreendedor pelo “modelo”? A razão é que, nas pesquisas, se verificou que os empresários de sucesso são influenciados por empreendores do seu círculo de relações (família e amigos) ou por lideres ou figuras importantes tomadas como “modelos”. Tal admiração nos remete ainda a algumas perguntas, as mesmas que os grandes pesquisadores desta área se fazem:
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Como alguém se torna empreendedor?
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O empreendedor nasce pronto? Ou seja, é fruto de herança genética?
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É possível ensinar alguém a ser empreendedor?
Empreendedorismo não é ainda uma ciência, embora seja uma das áreas onde se pesquisa e se publica. Isso quer dizer que ainda não existem paradigmas, padrões que possam, por exemplo, nos garantir que, a partir de certas circunstâncias, haverá um empreendedor de sucesso. Mas muita coisa pode ser dita sobre o empreendedor.
Sabe-se que o empreendedorismo é um fenômeno cultural, ou seja, é o fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas. Existem famílias mais empreendedoras do que outras, assim como cidades, regiões e países. Na verdade aprende-se a ser empreendedor pela convivência com outros empreendedores, em um clima em que ser dono do próprio nariz, ter um negócio é considerado algo muito positivo. Pesquisa indicam que as famílias de empreendedores têm maior chance de gerar novos empreendedores e que os empreendedores de sucesso quase sempre têm modelo, alguém a quem admiram e imitam, conforme afirma Filion (1991).
Devemos considerar três níveis de relações, o primário, o secundário e o terciário, no esquema abaixo:
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Primário: familiares e conhecidos; ligações em torno de mais uma atividade;
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Secundário: ligações em torno de determinada atividade, redes de ligação;
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Terciário: cursos, livros, viagens, feiras e congressos.
Podemos dizer que o nível primário é a principal fonte de formação de empreendedores. Mas os níveis secundário e terciário podem também ser importantes na geração de empreendedores. Um dos pontos básicos do ensino do empreendedorismo é fazer com que o aluno busque estabelecer relações que dêem suporte ao seu negócio.
Assim a convivência é muito importante nessa área. Há um ditado no campo do empreendedorismo que diz o seguinte: “Diz-me com que tu andas e eu te direi quem queres ser”. Se há, portanto, empreendedores que nascem prontos, não é por razões genéticas, mas sim porque o nível primário de relações influenciou. Há poucas décadas dizia-se o mesmo em relação a administradores e gerentes: “fulano tem o dom para administrar; ciclano nasceu assim, beltrano jamais saberá gerenciar”. Hoje ninguém dúvida que alguém pode aprender a ser administrador. O empreendedorismo em termos acadêmicos, é um campo muito recente, com cerca de vinte anos. Mas os cursos nessa área têm-se multiplicado com uma velocidade incrível. Em 1975, nos EUA, havia cerca de cinqüenta cursos. Hoje há mais de mil, em universidades e escolas de segunda grau, ensinando empreendedorismo. O vírus do empreendedorismo é inoculado por pessoa que serve como modelo para o empreendedor, que enxerga nessas pessoas uma das mais importantes fontes de aprendizado, e não se prende, como profissionais de algumas áreas, somente a fontes reconhecidas, tais como literatura técnica, relatórios de pesquisas, curso reconhecidos etc.
Baseados nas pesquisas de Timmons (1994) e Hornaday (1982), apresentamos a seguir, um resumo das principais características dos empreendedores:
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O empreendedor tem um “modelo”, uma pessoa que o influencia;
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Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização;
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Tem perseverança e tenacidade;
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O fracasso é considerado um resultado como outro qualquer. O empreendedor aprende com os resultados negativos, com os próprios erros;
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Tem grande energia. É um trabalhador incansável. Ele é capaz de se dedicar intensamente ao trabalho e sabe concentrar os seus esforços para alcançar resultados;
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Sabe fixar metas e alcançá-las. Luta contra padrões impostos. Diferencia-se. Tem capacidade de ocupar espaço não ocupado por outros no mercado, descobrir nichos;
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Tem forte intuição. Como no esporte, o que importa não é o que se sabe, mas o que se faz;
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Tem sempre alto comprometimento. Crê no que faz;
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Cria situações para obter feeback sobre o seu comportamento e sabe utilizar tais informações para o seu aprimoramento;
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Sabe buscar, utilizar e controlar recursos;
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É um sonhador realista. Embora racional, usa também sua parte direita do cérebro;
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É líder, Cria um sistema próprio de relações com empregados. É comparado a um “líder de banda”, que dá liberdade a todos os músicos, extraindo deles o que têm de melhor, mas conseguindo transformar o conjunto em algo harmônico, seguindo uma partitura, um tema, um objetivo etc.;
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É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo;
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Aceita o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho;
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Tece “redes de relações” (contatos, amizades) moderadas, mas utilizas intensamente como suporte para alcançar os seus objetivos. A rede de relações interna (com sócios, colaboradores) é mais importante que a externa;
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O empreendedor de sucesso conhece muito bem o ramo em que atua;
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Cultiva a imaginação e aprende e a definir visões;
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Traduz seus pensamentos em ações;
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Define o que deve aprender (a partir do não definido) para realizar as suas visões. É pró-ativo diante daquilo que deve saber: primeiramente define o que quer, aonde quer chegar, depois busca o conhecimento que lhe permitirá atingir o objetivo. Preocupa-se em aprender, porque sabe que no seu dia-a-dia será submetido a situações que exigem a constante apreensão de conhecimentos que não estão nos livros. O empreendedor é um fixador de metas;
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Cria um método próprio de aprendizagem. Aprende a partir do que faz. Emoção e afeto são determinantes para explicar o seu interesse. Aprende indefinidamente;
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Tem alto grau de “internalidade”, o que significa a capacidade de influenciar as pessoas com as quais lida e a crença do que pode mudar algo no mundo. A empresa é um sistema social que gira em torno do empreendedor. Ele acha que pode provocar mudanças nos sistemas em que atua;
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O empreendedor não é um aventureiro, assume riscos moderados. Gosta de risco, mas faz tudo para minimizá-lo. É um inovador. É inovador e criativo (a inovação é relacionada ao produto. É diferente da invenção que pode não dar conseqüência a um produto);
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Tem alta tolerância à ambigüidade, à incerteza e é hábil em definir a partir do indefinido;
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Mantém um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios.
A teoria visionária de L. J. Filion (1991) nos ajuda a entender como se forma uma idéia de produto e quais as condições para que ela surja. Ela diz que as pessoas motivadas a abrir uma empresa vão criando, no decorrer do tempo, baseadas na sua experiência, idéias de produtos. Tais idéias, a princípio, emergem em estado bruto e refletem ainda um sonho, uma vontade não definida. Ou seja, ainda não sofreram um processo de validação, podem ainda não ser um produto.